Il paese del Sesso Selvaggio. ITA. 1972. Colorido
Direção: Umberto Lenzi
Roteiro: Francesco Barilli e Massimo D´Avak
Fotografia: Riccarco Pallottini
Música: Daniele Patucchi
Produção: Giorgio Carlo Rossi, Ovidio G. Assonitis
Direção: Umberto Lenzi
Roteiro: Francesco Barilli e Massimo D´Avak
Fotografia: Riccarco Pallottini
Música: Daniele Patucchi
Produção: Giorgio Carlo Rossi, Ovidio G. Assonitis
Elenco: Ivan Rassimov, Me Me Lai
Sinopse: O fotógrafo John Bradley (Ivan Rassimov) está excursionando no interior da Tailândia quando é emboscado e mantido escravo em uma tribo primitiva, e tenta fugir várias vezes, até que a filha do chefe o escolhe como seu noivo. Depois de ter sido iniciado por várias torturas, ele passa a fazer parte da tribo...
Aventura que deu início ao ciclo de filmes de canibais no cinema Italiano, Il paese del Sesso Selvaggio, dirigido por Umberto Lenzi, é bem diferente de seus sucessores. O ciclo ficou conhecido pelas mortes reais de animais, mulherada pelada e pela suposta "exploração dos nativos pelos produtores italianos picaretas". As mortes de animais e a mulherada pelada estão lá, mas o filme é bem diferente de um "Holocausto Canibal" do Ruggero Deodato ou de "Os vivos serão devorados," também dirigido pelo Lenzi.
Talvez por ter sido o primeiro do ciclo, o filme
é bem diferente de seus sucessores, há uma história de aventura a ser contada,
não apenas em exploração do sensacionalismo. Algumas das sinopses que encontrei
por aí passam a idéia errada que o fotógrafo é capturado por uma tribo de
canibais, o que passa bem longe da verdade. Os silviculas que o capturam,
tomando-o no início por um homem-peixe devido a sua roupa de mergulho (motivo
pelo qual um dos nomes em inglês é "The Man From Deep River") não tem
uma cultura nada agradável, mas NÃO são canibais. A tribo inimiga deles
que é, pois o canibalismo não é o ponto central da trama. O filme está mais
para uma versão italiana de "Um homem chamado cavalo". O filme não é
um terror, e está bem longe disso. O canibalismo aparece em duas cenas nesse
filme, de forma chocante e não sei se fidedigna, já que os canibais comem a
carne crua e ensanguentada de seus inimigos. Sei lá, eu dava uma assada!
O interessante nesse filme é o tratamento das semelhanças entre a cidade e a selva. No inicio do filme, ainda em Bangkoc, o fotografo inglês John Bradley (interpretado pelo ator italiano de origem sérvia Ivan Rassimov) está mais interessado em assistir Muay-Thay do que na mulher que o acompanha. Essa mesma mulher aparentemente sai com um local, que horas depois tenta matar o fotógrafo, que acaba matando o local ao se defender. Na selva, os selvagens são vidrados em sangrentas rinhas de animais. Essa associação entre as rinhas de animais e o muay-thay me fez rir pensando nessa atual "paixão nacional" pelo MMA. Qual a diferença do público de briga de galo e o do MMA? Há diferença?
A selva se mostra diferente para John Bradley. Ao matar o homem na cidade ele passa a ser perseguido pela polícia. Ao matar um homem numa luta de lanças na Aldeia, ele é perdoado pelo próprio antes de morrer, pois ele venceu. Sim, a tribo selvagem que o capturou arranca a língua dos canibais da tribo inimiga, o que o choca a princípio por ser um ato aparente de extrema crueldade. Mas ainda hoje castram-se quimicamente estupradores e pedófilos, uma mutilação aceita por lei no estado moderno.
Na selva há similaridades com o mundo moderno:
casar com a bela Maraya (vivida pela Me Me Lai, Birmanesa de pai inglês) a
filha do chefe, lhe permite subir na escala social e tornar-se respeitado. Mas
só apos passar pelos rituais bizarros como comer cérebro de macaco, e
peculiar cerimônia onde a noiva escolhe o noivo pela "sua pegada".
John apaixona-se por ela e desiste de fugir, tornando-se um caçador respeitado
por todos, exceto pelo invejoso curandeiro da tribo, que acaba amaldiçoando ele
e sua esposa.
Ao enfrentar seus inimigos canibais, John acaba
fazendo o que antes abominou, ao cortar a língua de seus inimigos. Apesar de
sua nova posição nem John nem sua noiva podem sair desse microcosmo de tabus: grávida,
ela começa a morrer diante de seus olhos, e após uma tentativa malfadada de
fuga para um hospital, ambos continuam na tribo até a derradeira luta contra a
tribo rival. O final se mantem fiel a ideia do longa, mas eu fiquei me
perguntando: John vai continuar na tribo por causa do filho ou porque desistiu mesmo
da civilização? Bem, a seu modo, Mundo Canibal é um filme bonito de se ver, se
você não for dessa geração videoclipeira atual, pois seu realismo condiz
justamente com a baixa produção do filme.
O diretor Umberto Lenzi, o Ivan Rassimov e a Me
Me Lay voltaram a trabalhar juntos em "Os vivos serão devorados", esse
sim um exploitation
de marca maior, com direito até a cobra enfiada em vaginas! A Me Me Lai
tornou-se inclusive uma musa do subgênero, aparecendo também em "Último
Mundo Canibal". Ao assistir esse filme, Fico pensando como seria bom se
alguém com grana aparecesse para filmar o roteiro original de “Canibais e Solidão”,
para ver como seria um filme desse hoje em dia, em bom português. O subgênero
de Canibalismo italiano durou pouco, mas como quase tudo feito durante o auge
do cinema popular italiano, deixou saudades.
Aguardando tremendo pelo próximo post do blog. Altamente recomendado.
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